Soon I'll translate and post in English.
The way... Por Cassio K. Nakamura
Sempre que a vida nos oferece algumas variedades de caminhos, coisas e pessoas, procuramos automaticamente escolher o que achamos melhor para aquele determinado instante ou para um futuro próximo. Dificilmente pensamos em um futuro distante, na ânsia de usufruir o que nos é ofertado ali, afinal cansamos de escutar o velho “cliché ”: “a vida é curta demais e deve ser aproveitada! Carpe diem!”. Desfrutar cada segundo, minuto e hora, ou até agüentar a barra de uma escolha difícil no começo em prol do benefício posterior próximo. Talvez abdicar um caminho já escolhido, e mudar completamente as coordenadas de repente para chegar a um novo destino nos parece penoso, como um sacrilégio para os nossos ideais iniciais. E digo mais: essa inversão dos pólos as vezes se apresenta como a unica solução para os nossos problemas e acaba tornando-se o profeta Moisés abrindo o Mar Vermelho para fugirmos dos egípcios e guiar-nos para a terra prometida. Mas nem sempre chegamos lá. Quase nunca acertamos as coordenadas rumo ao conforto pessoal com somente um cálculo, e tentamos infinitamente fazer alguns reajustes nos azimutes para que ainda na maioria das vezes resultar em um erro e passarmos bem longe do destino final. E quando chegamos lá, seja qualquer lugar que for, descobrimos que o mais importante não foi chegar ao destino final em si, mas sim a vivência durante todo o percurso até ele.
Voltar para a região de onde crescemos, regressar de um lugar distante para rever a familia, amigos, cachorros, paixões antigas, vizinhos, ou até aquele colega chato, é sempre ótimo. A agradável essência da saudade misturada com a euforia torna ainda mais especial cada momento do reencontro. Coração acelerado, quase saltando para fora do peito e a sensação das mãos suadas devido as glândulas sudoríparas trabalhando a mil. Sorrisos, longos abraços, beijos ou até a triste vazia lembrança dos que já se foram durante o período que não estive por aqui. Passado o primeiro instante, vem a calmaria serena. O tom de ternura paira juntamente com a composição fria do ar. Sempre com disposição a escutar estórias do período da minha ausência, ou contar sobre o curso da vida longe do porto natal. Momentos nostálgicos marcantes também fazem parte do repertório desse encontro. Uma deliciosa salada de frutas de emoções. Saborosa sobremesa que me faz pensar constantemente nas decisões tomadas por mim até então.
Reencontrar o pessoal da época da faculdade na comemoração dos 10 anos do nosso curso de graduação foi o auge dessa breve visita. Recapitular um dos períodos mais intensos de nossas vidas, com todas essas pessoas nos quais sentimos muito carinho foi extremamente agradável e ao mesmo tempo triste. Observando atentamente, percebi o quanto as pessoas se apegam a essa época de estudante universitário. Também não é para menos: vida longe dos cuidados paternalistas excessivos dando a impressão da pseudo-independência, positivismo em relação ao Mundo, viagens para congressos, praia(no nosso caso), azaração, aprendizado com os docentes altamente qualificados e muitas, muitas festas. Um período áureo do qual vamos recordar, contar e recontar para os nossos filhos, netos ou quem sabe até em um capítulo da autobiografia como o ápice e hipérbole da nossa juventude. Ou talvez não seja uma boa idéia dividir com a família e estranhos esses causos dessa época, com receio de descobrirem que ao invés de estudarmos para graduar no curso da Universidade, estávamos nos formando em curtição, alcoolismo e festa.
Depois de algumas conversas com os amigos(as) agora ex-colegas de classe, de muitos copos do sagrado suco de cevada e doses destiladas (necessariamente nesta ordem), me deparo pensando em uma amarga e triste realidade: esse maldito tempo não voltará nunca mais. A concepção utópica de um refúgio universitário para a minha desgastada mente do entediante dia-a-dia esvazia-se junto com o copo e se vai com a última gota de álcool – Acabou. Foi bom enquanto durou, porém, temos que nos separar. De novo. Como tudo na vida é passageiro e nada é para sempre (O.K., também já cansei de ler/ouvir isso), esse “remember” já era. – Em um passe de mágica a realidade de alguns anos atrás vivida ali, naquele curto momento, se transformara apenas em lembranças pretéritas novamente. Tão adocicado e sádico como o cheiro que sua ex-namorada deixou no lençol e travesseiro da sua cama, agora vazia. Contudo, apesar dos pesares, fico feliz que tenha chegado ao fim. Não que eu esteja contente em não ter mais essas pessoas especiais por perto, mas sim de olhar para trás e ter a certeza de que fiz a escolha das pessoas certas. Posso ter escolhido as decisões e os caminhos errados. Entretanto, quem se importa? Os melhores momentos com certeza não foram os que eu estava sozinho. Claro que me arrependo de ter e não ter feito diversas coisas(quem diz que não se arrepende está descaradamente mentindo e enganando a si próprio), todavia, no contexto geral saiu bem melhor do que o planejado. Mentira, pois nunca planejei estar onde eu estou agora, muito menos nas coisas durante a faculdade e talvez nunca tenha pensado direito o que seria e será do meu futuro.
Por fim, após muitos pleonasmos e “clichés” digo-lhes que a jornada é muito mais do que tomada de decisões. Correto é quem sabe apreciar esse percurso, e não ficar sonhando com o destino final. No entanto, creio estar longe do estereótipo correto. Mas estou me esforçando. Vivendo e aprendendo. Ou vice-versa.
Photos by Taiana "Baiana"
Thursday, September 9, 2010
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1 comment:
ahhhhh ameeeeei ermaaaao!!!
que liiindo!!!
super me identifiquei...principalmente numa parte hehehe
tem que publicar um livro =)
love u!
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